quinta-feira, 21 de junho de 2007

Liberdade

Deste a liberdade
A meus dias.

Uma liberdade que não sei usar…

Oprime-me o coração.
Traça rotas de sonhos mesclados
Que prendo em minha mão!

Deste a liberdade
A meus dias.

E eu usá-la não a sei.

E por ser esta a minha sina
Apenas viverei
Para me desamarrar
E com esta liberdade
Correr mundo, lutar e sonhar!

Amar!

Bela Mentira

Chamas-me de “bela”.
Olhas em meus olhos,
Dizes que sou a sua menina
A espreitar à janela.

Mentirosa sedução.

Pecado capital…
Esse,
De refugiares um “gosto de Ti”
Em meu seio…
Mas o entregares a ela em aberto peito!

E na tua ingénua certeza
Julgas dares por certo o que tenho serem enganos…

Oiço-te e faço-te crer que tenho
Ouvidos moucos
Para as entrelinhas que tentas esconder
No mais profundo do teu Ser.

Olho-te em tua profunda tristeza
De quem ruma sem sentido ter
Uma emoção que se busca
Onde sabe que nunca vai nascer…

Erros que cometi…

Erros…
Penas minhas infernais!
Deixaram em nada
O meu peito… a minh’alma…
Sinto-os cravados como punhais!...

Nada sou, agora,
Sem ti…
Nada serei, jamais,
Porque me perdi
Para não me encontrar
Nunca… nunca mais!


Erros que cometi
Não os quero cometer mais!
Fecho-me assim
Na cela fria de minh’alma
Refúgio da minha dor
Que se reflecte em resplandecentes cristais…

Porque os erros que cometi
Tiraram-me o Amor…
E, assim, não consigo viver…
Nunca, nunca mais…

Poeta

Sou a Poeta sem alma.
Sou a Poeta sem rumo.
Sou a Poeta que deseja Amar
Tudo o que é ténue
E tudo o que é profundo!
Sou a Poeta sem arma.
Sou a Poeta sem voz.
Que, de tanto desejar viver...
Vive na angústia
De quem tem medo de perder.
Sou a Poeta que deseja,
Com a pena, escrever
O brilho do Mundo
Sempre... em notas de eterno amanhecer.
Sou a livre Poeta oprimida
Dentro de um corpo que anseia
Sonhar e ir mais longe!...
Mas apenas o faz num livro...
E assim se esconde...

Resgate

Resgataste-me do meu sossego
Da segurança que, para mim,
Tinha usurpado…

Agora caminho
Prostrando, em ti, todos aqueles
Que passaram em meu corpo…

Que seja lição aprendida!
Que seja pecado lavado!
Para que, aquele que me está destinado,
Se aninhe no meu corpo…


Agora sem vestígios de ti ou de passado.

Fado (ao meu Avô)

Fado cantado
De alegrias chorado…

Lágrimas que correm
De um rosto cansando
De um homem
E tocam,
No corpo daquela guitarra.

Ouve-se um grito..
Grito imaginado…
Grito sentido
De um corpo molhado…

Confunde-se e ouve-se
A alma do Homem
E a alma do Fado…

Unidas numa só.

No ventre da guitarra
Trespassada
Pelas lágrimas de um Homem sensato.

Seus olhos riem.
Seus olhos choram.
Seus sonham.

E parecem ver
A cor do passado
E de um futuro
Que lhe é pelo Fado
Mostrado.

Fado cantado
De alegrias chorado.

Lágrimas que correm
De um rosto cansado…

De um velho sábio.

Severa


Sou Severa de Corpo e Alma,
Toca no meu ventre
A Guitarra
do Fado e da Boémia.
Sou Severa...
Sou Amália...
Ecoa dentro de mim
O Fado e a Vida airada!
Sou Severa de Corpo e Alma!
Confrontam-se em meu seio
A Alegria e a Saudade
Sou Alfama! Sou Madragoa!
Sou Bairrista! Sou Lisboa!
Corre nas minhas veias
O sangue das caravelas
Que partiram para Goa

Sou Tristeza... Sou Saudade...
Sou Alegria... Sou Sonhadora...
Sou Mentira... Sou Verdade...
Sou Santa... e Pecadora...
Sou Mulher!Sou Portuguesa!

Sou Severa de Corpo e Alma
Espírito de magia e história...